10 de abr. de 2010
Confissões de um sedutor...
3 de dez. de 2009
Certeza?!

25 de ago. de 2009
worries
20 de mar. de 2009
Filhos da morte Burra
venho hoje expor um poema que encontrei por acaso... mas que não por acaso me apaixonei...
contemplem:
OS FILHOS DA MORTE BURRA
caminham tensos pelas ruas de suas casas velhas sem nenhuma luz,
sem nenhuma luz de Fernando Pessoa;
fechados nas sexuais telas da impotência
se masturbam contemplando corpos em decomposição
Norte de minha Fé,
onde estavam o beija-flor e o arco-íris na hora do nascimento dessas criaturas? Eu entrando na virtuosa idade e eles entrando em idade nenhuma
Quantos raios de flor restam nos corredores dos céus de vossas bocas?
Quais nascentes clamam por seus nomes?
esqueceram que um dia tocaram na poesia da transgressão
em pleno ventre de suas esquecidas mães;
esqueceram de colar o ouvido ao chão
para ouvir as ternas batidas do coração das borboletas
jamais levantam uma folha para contemplarem o labor dos insetos;
jamais ergueram uma taça de orvalho brindando a vigorosa lua;
Os filhos da morte burra,
desconhecem ou nunca ouviram falar em iluminação;
abrem a boca apenas para vomitar
...
19 de jan. de 2009
Egoísmo epifânico

Era um dia normal, nublado. Acordei com uma sensação estranha. Creio que essa era o fruto de ter cultivado durante toda uma noite uma única ação. Eu a pediria em casamento. Já estava tudo preparado, eu já havia pensado e repensado na situação, no clima, no momento, nas palavras, tudo estava pronto. Não consegui evitar tal fluxo de pensamentos ansiosos logo ao reconhecer a aurora.
A noite chegou. Tomei o banho mais detalhado da minha vida, usei um perfume caro. Preocupei me com meus cabelos. Até o momento de sair de casa segui um verdadeiro ritual à estética. Quando já trêmulo e ansioso por vê-la, ela chega. Estava eu sentado num banco de praça sob aquele luar magnífico. As estrelas me cobriam como uma manta materna que tenta a todo custo proteger um filho. Sentia-me bem, no entanto, o medo me rondava. Quando ela sentou se e finalmente olhou em meus olhos, tive a certeza que naquele breve instante minha existência não teria sido vã. Quantas tempestades passaram para eu chegar naquela iminência de primavera. Guardei meu cordial pedido, tão desejado e preparado para a sobremesa da noite.
Brincamos como crianças, uma euforia e uma alegria passional nos fez correr entre os jardins e praças, fez-nos pular cercas, roubar flores numa aventura desajeitadamente infantil. Rolar na grama e, cansados, bastava-nos olhar ao lado e ali encontraríamos o nosso conforto, nosso descanso e nossa segurança em olhos igualmente cansados. Um abraço uniria as partes desse duo.
Foi uma noite de concerto àquilo que o tempo leva. Lembro-me de confiar-lhe alguns segredos e sonhos, entre eles, minha audácia de prever, com a ciência, a maneira como as pessoas se comportariam diante das situações. Ela apenas me escutava, era como se tivesse o medo equívoco de que suas palavras corromperiam o ar que nos unia. Seus olhos passeavam por meu rosto, eu sentia sua mão deslizar suavemente pelos riscos de minha expressão... Eu confesso tê-la sentida mais sensível, mais entregue, mas julguei, arrogantemente, que era nosso passeio...Talvez o fosse...
REVOLTA; Onde estão os seres humanos?

Não há quem enxergue a mentira da verdade admitida? Não há quem queira a verdade? Não há quem sinta a verdade? Que mundo é esse? Para onde foi o ser humano que trai? Que erra? Que mata? Que odeia? Que é ser humano? Vestem-se de uma ignorância tal que suas máscaras brilham sobre um sol quadrado e perfeitamente métrico.

Onde está a miséria moral típica desse ser que aos poucos deixa de ser o ser humano?

...
15 de jan. de 2009
Áporo
Áporo
Sentei me a varanda e acomodei minha anatomia cansada àquela cadeira marcada pelo tempo. O sol brilhara maravilhosamente, porém indiferente. Como se estivesse me esperando. Os ruídos de um ambiente inusitado cobriam os gemidos de minha alma. Delicadamente peguei meu ultimo cigarro, surpreendi me com apenas um fósforo na caixa. Acendi-o. A medida que tragava aquela fumaça mórbida o dia se esvaía lentamente. A cada tragada um suspiro de vida que se dispersava no tempo. Olhei triste para trás, não vi muita coisa, aliás, vi muitas coisas, mas todas tão pequenas que nenhuma delas merecia que eu as tivesse visto naquele instante. As crianças brincavam na rua, os cachorros latiam. Todos torpemente normais. A indelicadeza com que viviam condenavam minha loucura, a felicidade de suas misérias acusavam minhas luxúrias e a mediocridade permeava meus sentimentos com uma satisfação de guerra ganha. A felicidade com que um soldado recebe a noticia de que a guerra acabou e que voltará pra casa. A tranqüilidade que o invade impedem-no de perceber as milhares de vida destruídas e mais, não consideram a possibilidade de suas famílias estarem entre essas baixas desprezadas.

Olhei para o lado, não havia ninguém. Olhei para o outro lado, vazio... Quando estava para olhar para trás, desisti. Não havia ninguém em lado algum. Os olhos enchiam se de lágrimas que escorriam pelo meu rosto corroendo minhas memórias. Quando pingavam em meu peito deslizavam sobre as cicatrizes das batalhas. Mais uma tragada profunda. Senti o amargo em minha boca, tossi, iria tossir mais, mas desisti, era inútil. Não havia ninguém em lado algum.
Escutei o carteiro entregando cartas à minha caixa de correspondências. Ameacei um sorriso de canto de boca, tímido, irônico, contrariado... Refleti sobre a existência, reconheci ter querido muito mais, reconheci ter tido os sonhos que tive, as paixões afligiram me as recordações desnecessárias. Tive vontade de voltar, repentino desejo de desistir da desistência, mas desisti de desistir, era inútil. Não havia ninguém em lado algum.
O sol já havia pela metade, tocado seu poente. O horizonte o engolia a medida que o tempo me sugava. Cinzas do cigarro caíram sobre meus pés. Tive uma breve sensação de que deveria limpar os sapatos para que me dignassem. Mas desisti, não havia porque dignar-me. A dignidade se escondera de mim e agora ela estava a minha espera. Uma brisa suave revoou sobre a varanda. Balançou a gaiola vazia, derrubou um pote vazio e bagunçou o que restara de meus cabelos. Eu estava para arrumá-los, quando desisti. Dei esse mérito à brisa, ela merecia. Havia me visitado. Arrisquei previsões inúteis sobre a possibilidade de chuva, pensava comigo mesmo se choveria hoje ou amanhã, pois o tempo estava se fechando... Pensamentos completamente descartáveis. Filosofei o momento com meu silêncio. Talvez essa tenha sido a melhor de minha contribuição para a existência.
A solidão que me rodeara agora estava me penetrando. Cenas rápidas de minha vida passaram frente meus olhos, me dando cada vez mais prazer naquela sensação sufocante da libertação pelo fim...

Mais uma vez uma brisa surgiu, balançou a gaiola vazia, rolou um pote vazio e penetrou rapidamente naquela casa, agora, esvaziada de vida...
03/03/2008